Sindicalismo
A BASE-FUT E A SITUAÇÃO POLÍTICA
A Comissão Política Nacional da BASE-F.U.T., reunida em Coimbra a 4 e 5 de Abril, analisou a situação social e política salientando alguns aspectos e ideias importantes que queremos partilhar com todos:
1.A situação presente de crise económica e social pode evoluir para uma crise política em vários países, nomeadamente em Portugal.
Com origem nas políticas neoliberais das últimas décadas esta crise veio pôr a nu aquilo que muitos cidadãos e organizações já tinham constatado e vinham denunciando: a falta de ética no exercício da política; a promiscuidade entre interesses privados e públicos; a valorização excessiva das questões económicas; a crescente desigualdade social; a apropriação da riqueza por grupos minoritários e privilegiados.
2.É particularmente preocupante a situação dos desempregados e dos trabalhadores e pensionistas de baixos rendimentos, que são os que mais sofrem com esta realidade, pelo que se torna urgente:
Tomar medidas de fundo que não sejam apenas para minorar a situação.
Repensar os diversos aspectos da vida económica e social, nomeadamente o modelo de desenvolvimento em que se tem vivido.
Repor a função e o lugar do trabalho nas nossas sociedades que continua a ser fundamental na realização da pessoa humana, pelo que o trabalho não pode ser uma mera mercadoria que se utiliza e desloca consoantes os interesses do capital.
Valorizar, inclusive economicamente, as novas formas de actividade que apontam para um modelo mais humano e solidário de desenvolvimento, nomeadamente, o sector da economia social e solidária.
Apostar mais na inovação e criatividade, nas boas práticas viradas para o desenvolvimento local, no desenvolvimento de atitudes que apontem para formas de vida menos consumistas, garantindo para todos a necessária qualidade de vida.
3.Relativamente à questão política e tendo em conta que vamos participar no ano 2009 em várias eleições, a BASE-F.U.T. apela à máxima participação de todos os cidadãos em toda a vida cívica e social, e com especial atenção e exigência, nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, para as Autarquias e para a Assembleia da República.
A situação actual exige a participação plena e o uso total da nossa cidadania. A pior resposta à crise seria o conformismo e a não participação.
É verdade que a esquerda portuguesa não conseguiu até hoje construir alternativas que mobilizem e galvanizem os cidadãos. Para além das propostas partidárias tradicionais a esquerda tem aqui uma grande oportunidade de relançar a esperança, colocar a ética no centro da política e de apresentar modelos alternativos.
4.O movimento sindical e as organizações de trabalhadores sentem muitas dificuldades próprias do contexto em que se vive. No entanto, é necessário que o movimento sindical, para além do caderno reivindicativo próprio, tenha mais capacidade ofensiva com propostas para a sua renovação e para a criação de novas alianças sociais. Mais do que nunca, o movimento sindical deve interessar-se por tudo o que preocupa os trabalhadores e assumir responsabilidades na gestão do bem público. Deve ter um papel mais activo nas empresas, reforçando a participação dos trabalhadores como pessoas criadoras de alternativas e como os principais actores na defesa do direito ao trabalho.
5.A comunicação social também tem contribuído para um certo alarmismo social, porventura fruto de várias pressões, valorizando frequentemente os aspectos mais negativos da situação, sem valorizar, igualmente, as inúmeras iniciativas positivas que ocorrem por todo o País e que envolvem populações, associações e entidades públicas em projectos muito concretos ao serviço do bem estar das populações.
A comunicação social não deve contribuir para aumentar o medo que já existe em muitas pessoas mas, sim, para informar com equilíbrio e pedagogia.
6.A BASE-F.U.T. apela à participação de todos os cidadãos para se organizarem e interajudarem de forma solidária, quer seja nos locais de trabalho, nas colectividades, nas associações de voluntariado ou nos sindicatos, para melhor enfrentarem a difícil situação presente.
Todos temos responsabilidades para avançarmos com propostas e soluções que nos permitam construir uma sociedade onde haja: equidade na justiça; transparência no poder e nas relações económicas; controlo e fiscalizações democráticas dos órgãos reguladores da economia, da finança e da política; mais justiça na distribuição da riqueza e avanços na democracia participativa.
A Comissão Política Nacional teve ainda oportunidade de fazer um balanço da sua actividade e de perspectivar a sua participação em diversos fóruns nacionais e internacionais, em especial na MANIFESTA, na organização de uma Conferência Europeia sobre “Os Jovens e o Trabalho” a organizar em Portugal, e na preparação do 35º Aniversário da BASE-F.U.T.
Coimbra, 05 de Abril de 2009
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