O VIRGÍLIO !Continuar o seu projecto de sociedade livre...!
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O VIRGÍLIO !Continuar o seu projecto de sociedade livre...!


Brandão,li com conforto solidário o texto que escreveste sobre o nosso companheiro Virgílio.As palavras são poucas para o recordar mas o que importa,é continuar o seu projecto por uma sociedade livre, justa e fraterna.
O meu filho que sente dor pela sua partida,escreveu este texto que leu no dia da cerimónia do funeral.O João Paulo e a Manuela pediram que te fizesse chegar para o colocar no blogue da Base.Com um grande abraço,alberto piscarreta


O Virgílio
O sobral de S. Miguel o viu nascer sob soutos de castanheiros e crescer entre xisto e ardósia com a força e vivacidade das árvores com rosto.
Na sua maturidade criou esse projecto escolar único com o brio e a criatividade com que fez nascer na sua puberdade a revista Hey Juve, ou lançou a etecetera. Lutando sempre por aquilo em que acreditava e trazendo os outros consigo.

Da mesma forma em que nos trazia a todos pela mão quando segurava a sua guitarra e soltava sua voz doce aconchegando como uma carícia.
Temos de estar felizes porque partilhámos o mesmo espaço e tempo com ele, porque nos privilegiou com o prazer da sua companhia que marcará os nossos corações.
Foi feliz. Muito feliz. Teve Celi como companheira que o sentia em todas as ocasiões e lia como um livro escrito num braile ao alcance dos dois.
Com ela gerou o Samuel e o Paulo. Seus filhos. Dois seres excepcionais que foram o seu maior triunfo e orgulho. O seu legado e dádiva ao mundo. Os seus anjos e deuses.
Com eles viveu as maiores alegrias e com eles pôde partir com a calma que Deus apenas permite aos Homens Justos.

Partiu em paz e a acreditar na integridade da água, do vento, das estrelas. A acreditar na continuidade das coisas que amamos, a acreditar que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido.
Por isso pediu para ser cremado desvanecendo gentilmente como as asperezas dos montes se diluem em ligeira neblina mas sempre a sorrir com aquelas verdes bolas gigantes, varrido por um vento alegre de sonoridade única.



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