Para o arranque da acção sindical clandestina e semi-clandestina foi necessário superar a aversão ao “entrismo” (filiação e intervenção nos sindicatos oficiais) dado que número significativo dos participantes nas Sessões e Cursos de Formação do CCO considerava-a inútil, e outros ainda recordavam a malograda experiência da LOC de entre 1933 e 1943 ter tentado “converter” aos Princípios Sociais da Igreja os sindicatos nacionais e a organização corporativa do Estado Novo.
Como referido de passagem, foi a partir de 1968 que, pela conjugação da acção formativa do CCO e organizativa da BASE, foram formados os primeiros GAS (Grupos de Acção Sindical) por Sectores de Actividade e, posteriormente, por Regiões. A acção centrou-se, obviamente, naqueles sectores em que, por via das acções de formação e de intervenção reivindicativa a nível de empresa, foram sendo criadas condições para intervenções organizadas, na grande maioria dos casos, em conjunto com activistas independentes e de outras correntes sindicais, cuja ideologia, movimento ou partido, como é normal em clandestinidade, raramente era identificável.
É de salientar que, desde o princípio, a BASE tomou a opção de considerar como prioritária a acção junto dos trabalhadores e trabalhadoras dos sectores mais menorizados da sociedade portuguesa, nomeadamente as porteiras e porteiros e as criadas de servir (como à época eram chamadas as empregadas domésticas), sectores em que a ausência de escolaridade, de horários de trabalho e a situação total de dependência dos patrões, hoje inimaginável, não lhes permitia qualquer atitude reivindicativa, por mínima que fosse. E, foi, em grande parte, por acção de militantes da BASE que foi criado um movimento reivindicativo e de organização que logo após o 25 de Abril permitiu a criação do Sindicato do Serviço Doméstico e a consolidação e crescimento do Sindicato da Portaria e Vigilância.
A BASE considerou também que devia dar especial atenção a sectores de actividade em que, por lei, era proibida a constituição de sindicatos, como era o caso dos CTT (Correios, Telefones e Telégrafos), sector em que, por mais paradoxal que pareça, o regime que se dizia corporativo, não reconhecia aos trabalhadores o direito à sindicalização. E, foi neste sector que a BASE teve uma das suas mais relevantes intervenções. É certo que de tal intervenção não resultou a criação do sindicato, mas não é por tal motivo que é menos digna de registo nos anais do sindicalismo a luta então travada pelos militantes da BASE – em conjunto com trabalhadores independentes e de outras organizações, pelo forte contributo que representou para a rápida constituição do sindicato no pós-25 de Abril. A acção dos militantes da BASE estendeu-se a outros sectores de actividade, nomeadamente ao dos Seguros (como já referido anteriormente), Bancários do Norte e Centro, Tipógrafos, Corticeiros, Calçado, Caixeiros de Lisboa, Conserveiras do Algarve, Texteis e Vestuário do Porto e Braga, Lanifícios do Porto e Braga, Construção Civil do Centro, Professores, Portaria e Vigilância, Empregadas Domésticas, Metalúrgicos, Técnicos de Vendas, Professores, Jornalistas e Função Pública, Os militantes da BASE participaram também na formação da Intersindical.
Contributos do Fernando Abreu para o livro dos 40 anos da BASE-FUT
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