O último debate no Porto, na sede de BASE-NORTE, realizou-se a 16 de Março de 2013. A temática foi “Participação e Cidadania”.
Teve a presença de 22 pessoas, militantes, simpatizantes e amigos. Para uma tarde de Sábado realço o empenho e participação, correspondendo assim à necessidade que se sente de intervir ativamente nas questões e situações mais prementes do nosso quotidiano.
Três pessoas tiveram uma participação mais evidenciada. A da Laura Fonseca, de enquadramento histórico da evolução que houve desde o sec. XVIII, na conquista dos direitos, até à participação que se vive e se sente no séc. XXI, e outra um testemunho de participação hoje- o percurso de vida militante do Alexandre, da zona do Vale do Ave.
A Laura (Professora- doutorada em Ciências da Educação), falou-nos de diversas teorias que ao longo dos séculos foram evoluindo e dando consistência aos direitos de cidadania de hoje, nomeadamente as de Marshall e de outros.
• Direitos cívicos – seculo XVIII, direitos relacionados com a liberdade individual, de possuir propriedade, de liberdade da palavra, direito à justiça, direito de pensamento, direito de crença.
• Direitos políticos – seculo XIX, direitos relacionados com o sufrágio, o direito de voto, o direito de ser eleito e o direito de eleger.
• Direitos sociais – seculo XX, cidadania e direitos sociais- direito à segurança social, à saúde, direito a tudo o que é necessário para viver dignamente a vida humana, alargando esses direitos a todos os cidadãos.
• Direitos culturais - seculo XXI – cidadania ampla e de todos e todas – a grupos e minorias, sexual, íntima, crianças, jovens, idosos e incapacitados, animais e da natureza
O Alexandre, um jovem trabalhador, falou-nos da sua experiência militante cristão, na Joc onde foi dirigente Livre nacional, e de militante no trabalho. Só se sente bem trabalhando em grupo, ajudar a que outros sejam protagonistas, a que haja consciência dos direitos e deveres. Ser um operário competente. Tem consciência de que não pode mudar o mundo mas que a mudança se pode fazer, partindo por mudar pequenas coisas. Estar atento, ser responsável, ser militante em acção. Saber ver, saber posicionar-se, ser autocrítico. Sente-se um militante em construção. Já herdou esta militância do pai que também foi Jocista e sindicalista, e habituou-se a falar à mesa sobre todas as questões laborais. Crescer com os outros, saber dizer não quando é preciso, ajudar a crescer, saber escolher, e escutar, aqui está a sabedoria. Caminhar “ao lado de”. Ser dirigente livre na Joc foi o maior desafio, porque não se sente militante na linha da frente. Hoje é novamente operário e activo.
Seguiu-se debate bem participado onde se partilhou:
• Alguns condicionalismos à participação, com o individualismo, e o medo de perder o trabalho,
• Ser sindicalista deve ser com espírito de solidariedade e disponibilidade.
• O primeiro dever do trabalhador é lutar pelos seus direitos
• Ter um pensamento livre
• Ver, julgar e agir, é uma questão de atitude
• Hoje há gente nova a mexer-se, mas com métodos diferentes- o importante é que vão à luta,
• Participa hoje gente que nunca tinha participado antes.
• Querem ser cidadãos á sua vontade, e faz-nos lembrar nos nossos tempos de juventude em que também eramos irreverentes.
• Lutar pela cidadania é uma luta de sempre, e há várias formas de construir cidadania
• Poucas organizações têm esta capacidade de participar livremente
• Criam-se instituições para resolver os problemas.
• Há organizações criadas dentro do capitalismo organizado, e hoje o capitalismo está desorganizado
• Os movimentos de hoje são movimentos de excluídos, são movimentos plurais e a pluralidade é um valor. A participação é um valor, não a representação
• Estão em processo de mais respeito, mais participativos, mais intergeracionais, mais plurais
Há que combinar a luta passada com a luta presente - democracia participativa
Devemos estar lá, perceber e sentir o que lá fervilha, e o desafio é saber acolher para em conjunto se mudar algum a coisa. Manter a esperança e não a perder. Aí está a força.
Abril de 2013
Carolina Fonseca
Coordenadora da BASE-FUT NORTE
loading...
Na perspectiva dos ocidentais, o ataque dos jihadistas ao orgão de comunicação Charlie Hebdo, ocorrido na semana passada, (dia 7 de Janeiro 2015) em Paris, tem um significado especial, pois coloca em questão não só a liberdade de imprensa mas a...
Saber quais são os nossos direitos e deveres laborais e, se for o caso, representar os nossos colegas na defesa desses mesmos direitos são atos de cidadania e de enriquecimento pessoal e profissional numa sociedade democrática e moderna. Ser dirigente...
«Perante as perspetivas de 2014, bastante complexas com o orçamento do Estado castigador dos trabalhadores públicos e dos trabalhadores reformados em especial, é necessário intensificar o esclarecimento e informação de modo a que mais portugueses...
Acompanhando os desafios para um futuro mais participado e democratizado torna-se necessário ativar a mobilização das populações. É neste sentido que vai a necessidade de um novo impulso que projete todos os Movimentos e as Associações ligadas...
Depois de um percurso de seis meses com reuniões frequentes à volta de questões de cidadania, um grupo de cidadãos da Covilhã apresentou agora publicamente a Declaração de Princípios do Movimento de Cidadania Covilhã (MCC). Este Movimento...