QUE TRABALHO QUEREMOS? (II)
Sindicalismo

QUE TRABALHO QUEREMOS? (II)



Que trabalho queremos?A segunda parte do artigo do sindicalista João lourenço:

«É preciso que haja um compromisso que nos guie e criar um novo paradigma, uma verdadeira nova
forma de gerir as grandes empresas, com trabalho que nos garanta um modo de desenvolvimento mais sustentável, que dê a cada um a sua oportunidade, garanta o direito á subsistência e á realização pelo trabalho, incentive a democracia social e participativa, e a igualdade entre homens e mulheres no seu percurso profissional, salarial e de carreira, eliminando deslocalizações por motivos da ganância e do lucro, assim todo o dumping e as possíveis disparidades e injustiças praticadas envolvendo trabalhadores de qualquer zona geográfica a nível global.

É preciso aprofundar um novo e verdadeiro conceito de relação de trabalho com melhores práticas mais humanizadas. Que sejam respeitadas na responsabilidade social e na justiça, consultando e interessando assim os próprios trabalhadores como verdadeiros parceiros representados através dos seus órgãos democráticos e representativos para cumprimento com as suas obrigações ao mesmo tempo repartindo justa e equitativamente a riqueza criada, que procure desenvolver e responder á centralidade do trabalho e á realização pessoal e coletiva especialmente dos seus cooperantes/trabalhadores.

Agora sabemos, que na presente crise não é possível haver emprego para todos, por isso temos que escolher entre um futuro com um elevado número de desempregados ou um outro mais sustentável e possível que passa pela repartição dos tempos de trabalho, deixando mais tempo livre que será usado em outras atividades em benefício pessoal e das suas famílias ou da sociedade em geral. A automatização está a reduzir o fator humano dispensando-o e substituindo, logicamente obriga a que haja menos empregos e trabalho. O cair no desemprego, para uma pessoa ativa tem como consequência grave, uma tortura constante porque a sua vida é sempre definida pela sua relação face ao trabalho e á profissão.

Efetivamente, estamos a viver num tempo em que não se precisa de trabalhar tantas horas nem tantos dias por ano. Devemos de contrariar as teorias implementadas pelo capitalismo selvagem e voltar para o trabalho que responda perante as necessidades reais da sociedade sem produzir demasiados desperdícios, acabando com os ritmos cada vez mais acelerados que vêm alimentando a lógica atual do presente sistema. Voltar á utopia é preciso para contrariar este estado em pleno desequilíbrio e trocá-lo por um outro mais ecológico e exequível que se preocupe principalmente por suprir todas as nossas necessidades. E isso certamente passará por se procurar viver em harmonia com os três modelos conhecidos de economia em funcionamento, a economia privada com os seus riscos e virtudes necessitando de um maior controlo, a economia do estado com as garantias de justiça social que é sempre mais abrangente e democrática na distribuição e equidade, a economia social de proximidade e social que perfilha fins não lucrativos e desenvolve a sua ação com e junto das populações.»

João Lourenço










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