Sindicalismo
Relato de Professora sobre o IERP na Audiência Pública
Rio de Janeiro, 04 de Agosto de 2012.
Instituto de Educação Rangel Pestana na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
A persistência é a palavra chave do movimento de educadores(as) e estudantes do Instituto de Educação Rangel Pestana (IERP) de Nova Iguaçu, que luta pelas eleições diretas para diretores(as) dentro das escolas. Prova desta persistência ocorreu no dia 01 de Agosto, quarta-Feira, dentro da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) na Comissão de Educação, onde o tema da reunião foi: as exonerações dos(as) diretores(as) nas escolas estaduais. E o assunto que norteou as discussões foi a situação do IERP. Perante deputados e representantes da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC), educadores(as) e alunos do IERP expuseram mais uma vez a repressão e a intervenção que está acontecendo na escola de Nova Iguaçu desde o dia 01 de Junho.
A forma como falavam os representantes da SEEDUC era bem mais amena, comparando com os encontros anteriores com os professores da instituição, o que cabe a interpretação de como a coação direta por meio das palavras é uma das formas mais utilizadas por seus representantes. O tom destemido e autoritário de quem falou que “a caneta põe e dispõe” foi trocado por um sentido mais “natural”, ou seja, foi reproduzido algumas vezes, porém tentando modificar o significado que havia sido dado. Deputados a favor do atual governo tentavam fortalecer um sistema educacional que, simplesmente, não existe! Como valorização dos(as) educadores(as) – segundo o deputado tivemos um aumento de 80% nos nossos salários -, a idoneidade do concurso seletivo para diretor, a qualificação constante dos professores da rede... Tal fala aponta que as reais dificuldades que os(as) educadores(as) da rede estadual efetivamente vivenciam precisam ser sempre evidenciadas para a sociedade para evitar distorções.
Em contraponto, professores do IERP e representante do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ (SEPE) reafirmavam todas as denúncias: exoneração por motivo irreal, ameaças aos professores e funcionários da escola, tentativa de sabotar as eleições para diretores (realizada pela escola), impedimento de entrada de professores(as) e estudantes no IERP durante o recesso (estava programada uma colônia de férias), tentativa de trocar horários de professores na metade do ano letivo, presença constante de duas empresas privadas dentro da instituição e também o projeto de colocar polícias militares (PM) armados dentro das escolas estaduais, constatando que o IERP está com dois PMs, em todos os dias, desde o dia que a escola foi interditada. Entregamos os abaixo-assinados da população favorável à eleição direta de diretores(as) (entre 3.000 e 4.000 assinaturas). Falamos tudo e éramos observados(as) por alguns olhares incrédulos, outros acomodados e poucos com uma inquieta inconformidade de escutar tudo e não poder retrucar da forma que gostariam.
Alguns deputados estaduais mostraram total apoio à causa do IERP e foram esses que, em acordo, exigiram investigação do superintendente de Gestão e Pessoal, encaminharam proposta para o secretário de educação do estado do RJ para rever o atual concurso para diretor(a), trazendo como opção a forma utilizada pelo município do RJ (onde há a qualificação e depois a eleição entre os professores da própria comunidade escolar). E mais, divulgamos mais a nossa atual realidade no IERP, mostramos que temos apoio e que lutaremos sempre pela educação democrática! Conseguimos chamar a atenção pra séria forma de intervenção que está acontecendo não só no IERP como em toda a rede estadual do RJ.
Felizes com nossa vitória legislativa, aos poucos colhemos os resultados por conta da união e da força da Luta. Todavia, tentando ofuscar nossa satisfação, o Sr Becker conversou conosco, disse que foi desnecessário trazer para a comissão de educação os assuntos expostos, tentou desqualificar as aulas dadas por professores que atuam o dia inteiro, tentou alegar que muitas vezes a intervenção do SEPE e dos(as) professores(as) é para realizar pedidos particulares. Tentou, tentou e tentou... Mas não tirou o nosso brilho, a nossa certeza de vitória da batalha do dia. Estamos tão firmes na nossa coerência e razão que sempre que somos pressionados a desistir, ganhamos mais força!
A disputa com a SEEDUC, pelo direito de elegermos nossos diretores, não está sendo fácil, não está sendo amenizada. O IERP está, no momento, com quatro interventores nomeados no quadro de diretores, teve suas paredes pintadas dias antes do retono às aulas (um sinal de propriedade), estamos sendo dirigidos por pessoas que não se deram nem ao trabalho de se apresentarem. Entretanto, mantemos nossos ideais! E contamos com todos(as) que também almejam uma pedagogia autônoma, crítica e democrática para fortalecermos sempre mais a nossa – de todos(as) nós – causa. Agradecemos a todos(as) que já estão nos apoiando e esperamos mobilizar os que estão apenas observando, pois estamos fazendo história na educação.
Saudações...
Carla Ramalho (professora – com muito orgulho – do IERP)
Confiram também a matéria na página do SEPE sobre a Audiência Pública na ALERJ:
http://www.seperj.org.br/ver_noticia.php?cod_noticia=3236
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