Sindicalismo
UMA VIDA DEDICADA À EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADORES!
A acção militante e comprometida da Mila Reis começou cedo, aos 14 anos. Nascida em 1940, em Santo Tirso, em tempo da guerra, viveu numa família em que não lhe era estranha a fome e a repressão. Entrou para a JOCF em 1954, e logo na década de 60 assistiu ao reforço do sector têxtil, a única indústria que se implantou na Zona. Muito cedo, em conjunto com a JOC feminina, aprendeu a fazer RVO - revisão de vida operária - e a assumir compromissos de acção.
A ida para a fábrica, em 1964, já foi um compromisso que fez com o grupo de base, da JOCF. Reuniam às 6,30h da manhã, para dar tempo de entrar na Fábrica às 8h da manhã. Foi nessa altura que descobriu o que era se explorado. o que era ser humilhado, e o que era ser mandado sem ter direito a opinião. Por compromisso na acção, o seu grande trabalho foi formar grupos que depois se deslocavam ao sindicato para saber dos seus direitos. Nunca mais deixou de ser militante e foi tomando consciência cada vez mais alargada de que para além da exploração havia a repressão, o fascismo.
Participou em várias reuniões clandestinas e acompanhou a luta dos estudantes em Coimbra, a luta das Bancários, a campanha de Humberto Delgado, fazendo parte da multidão que o esperava na estação de S. Bento, no Porto. Desde sempre ligada á BASE-FUT Maria Emília representou esta Organização a nível nacional e internacional e pode ser considerada como uma das líderes sindicais que mais simboliza um sindicalismo de base, autónomo e de classe!
O seu forte não eram as teorias mas sim as práticas e a ligação permanente aos trabalhadores.Estas suas carateristicas tornaram-na respeitada e admirada na CGTP. A sua análise partia sempre do real, das lutas concretas, procurando soluções para os problemas que a classe enfrentava. Autodidata e combativa, recordava os militantes do sindicalismo revolucionário da 1ª República.
Agora, na passagem para o outro lado, recordamos a sua vida cheia de luta e de compromisso pela causa da libertação dos trabalhadores, em que a esperança foi sempre uma luz e fonte de energia que perdura.
(texto elaborado por Avelino Pinto com base num depoimento de Mila Reis para o livro a publicar dos 40 anos da BASE-FUT)
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