Sindicalismo
FERNANDO ABREU-um militante que marcou gerações!
Nasceu em Lisboa no ano de 1933, na maternidade Alfredo da Costa. O pai de origem da Beira Alta e a madrasta natural do Minho. Tinha nove meses quando foi viver com a madrasta. A sua mãe natural de Estarreja, era empregada doméstica numa casa em Lisboa. Na única vez que a foi visitar, recebeu uma recomendação: que não a chamasse mãe porque se a patroa soubesse que era mãe solteira o mais certo seria despedi-la. Segundo o conceito da burguesia não podia haver mães solteiras.
Fez uma parte da escola primária na Beira Alta e outra no Bairro Alto, em Lisboa. Frequentou até ao 5º. Ano a escola comercial Veiga Beirão no Largo do Carmo. Chumbou o 1º ano e passou para o ensino nocturno.
Foi baptizado tarde, com 11 anos, na Beira Alta, na terra do seu pai.
Foi trabalhar com doze anos!
Com 12 anos foi trabalhar. O seu primeiro emprego foi no Café Nacional, onde hoje é o Celeiro, na Rua 1º de Dezembro, em Lisboa, como paquete, distribuidor de correspondência. Depois passou para a Livraria Bertrand, na Rua Anchieta ao Chiado. Entrou para a Bertrand onde esteve cerca de dois anos, tinha então quinze anos. Foi despedido porque, por altura do Natal, foi colocado na Livraria. Por no “ranking” de vendas ter vendido mais livros que alguns dos “vendedores” foi chamado ao Director Geral, um francês, que, após o ter felicitado, lhe comunicou que ia ser transferido para a Livraria.
Agradeceu o elogio, e dado que estava a estudar à noite, solicitou autorização para poder no período de aulas, continuar com o horário de trabalho dos escritórios, dado que a Livraria encerrava às 19 horas e a primeira aula começava precisamente a essa hora e que, por motivo de obras da Veiga Beirão estava a frequentar a Patrício Prazeres que ficava próxima do Castelo de São Jorge., pelo que perderia a frequência de todas as primeiras aulas.
Incompreensivelmente, o director, comunicou-lhe que teria de cumprir o horário da livraria, tendo solicitado para continuar como paquete para poder continuar a estudar. Como resposta, foi despedido no final do mês sem justa causa. Era assim que os jovens trabalhadores e aprendizes eram tratados.
Passados dois meses foi trabalhar no Secretariado da Direcção Geral da LOC, onde permaneceu uns dois anos.
Na JOC foi Vogal da Pré-JOC, “Propagandista” Diocesano, Presidente da Secção da Encarnação (ao Chiado) sucedendo ao João Gomes quando este transitou para a Direcção Geral da JOC.
Trabalhou numa Companhia de Seguros de onde saiu para a Fiat onde esteve 43 anos.
Teve um papel histórico nos movimentos operários católicos
Após o casamento filiou-se na LOC, inicialmente na Secção da Encarnação, de onde transitou, por mudança de residência para a Secção de Benfica, e, posteriormente, pelo mesmo motivo para a de Queluz, da qual foi Presidente, e posteriormente Presidente Diocesano, Vice-Presidente da Direcção Geral e por escolha dos Movimentos Operários da Acção Católica, foi nomeado Secretário-Geral Adjunto da Acção Católica Portuguesa.
Nomeado pela Direcção Geral da LOC, foi Director do Centro de Cultura Operária.
Fundador do Movimento BASE na clandestinidade, e após o 25 de Abril, Fundador e Coordenador da BASE-FUT, Director da revista “Autonomia Sindical”, Responsável das Edições BASE e Presidente da Direcção do Centro de Formação e Tempos Livres - CFTL.
Sob o pretexto de ser comunista foi detido pela PIDE e espancado na ditadura de salazar caetano.
Por instruções da PIDE foi-lhe instaurado pela Polícia Judiciária, no início de 1970, um Processo - crime por ofensas ao Chefe do Estado do Chile por motivo de a Introdução do livro “Chile -Socialismo Impossível” publicado pelas Edições BASE ter sido considerado ofensivo do General Pinochet.
Será sempre o militante nº1
O Fernando Abreu, embora deixando agora no XVI Congresso da BASE-FUT, a Presidência da Mesa do Congresso,será sempre o militante nº1 desta Organização.Para além do papel histórico que teve nos movimentos operários católicos foi ,sem dúvida, um dos sindicalistas portugueses que melhor teorizou e praticou o sindicalismo de base, autónomo e de classe, bem como a relação entre sindicato e autogestão. Foi ainda um elemento importante na sensibilização do sindicalismo europeu, em particular da área da CMT,para as especificidades e problemas do sindicalismo português no quadro da Revolução de Abril colocando sempre em primeiro lugar a unidade dos trabalhadores.A sua lucidez militante e jovialidade fazem dele uma referência de várias gerações.A BASE-FUT apenas lhe pode agradecer o seu empenhamento total durante tantos anos em prejuízo por vezes da própria família!Bem hajas!
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