Sindicalismo
MUDANÇAS NO TRABALHO (II)
Continuamos o texto sobre algumas das mudanças no trabalho exigidas pelo capitalismo atual no quadro da ideologia neo-liberal.Mudanças que globalmente visam uma maior exploração do trabalhador.
4. Mudança das características das organizações A percentagem das pequenas e médias empresas aumentou na Europa. Os problemas de segurança e saúde no trabalho são particularmente graves neste tipo de empresas. Mas também a participação dos trabalhadores e a sindicalização tende a diminuir nas pequenas empresas. São necessários esforços suplementares e novas ideias para enfrentar estas questões. É necessário nomeadamente um reforço inspetivo e uma estratégia e organização sindical especificamente viradas para esta questão. Produziu-se, entretanto, a fragmentação das grandes empresas tradicionais.
Algumas das suas divisões funcionam em unidades semi - autónomas, utilizando frequentemente o sistema de franchise, reduzindo os quadros e flexibilizando a gestão. Esta situação cria certos problemas à tradicional organização sindical bem como aos serviços e estruturas de gestão da segurança e saúde no trabalho.
As empresas tendem a diminuir ou acabar com os órgãos de trabalhadores e aligeirar outros serviços de apoio social. Seria necessário desenvolver órgãos dos trabalhadores abrangentes, preocupados não apenas com as questões salariais, mas também com a qualidade de vida e bem- estar dos trabalhadores, nomeadamente com a emergência de riscos psicossociais com destaque para o assédio moral e sexualtendência é a externalização das tarefas tais como a manutenção e algumas partes da actividade principal. Trabalhadores de diversas origens, alguns deles imigrantes, encontram-se numa dada empresa. A questão complica-se ao nível das responsabilidades dos diferentes actores, nomeadamente na questão da segurança e saúde.
A Organização dos trabalhadores terá também que se adaptar a esta situação. A formação e informação de todos os trabalhadores e os aspectos de coordenação são vitais. A preparação e formação sindical ao nível de línguas e de gestão é indispensável. O crescimento do sector dos serviços é outra tendência reconhecida. Um número cada vez maior de serviços implica um contacto com o público o que acarreta um crescimento do risco de stresse e de violência. Estudos recentes têm demonstrado que a altas taxas de sindicalização correspondem a locais de trabalho mais seguros. A falta de sindicato nas empresas que atravessam estas grandes transformações resulta em menor qualidade no trabalho e de vida.
5. Mudanças do tempo de trabalho e dos contratos de trabalho
Hoje observa-se uma tendência geral de flexibilização dos horários, bem como o aumento do trabalho a tempo parcial, a prazo e independente. Muitas empresas submetem os trabalhadores a horários prolongados e diversos, bem como a “picos” intensivos para satisfazer os seus clientes. Os trabalhadores mais idosos sentem, por vezes, sérias dificuldades para enfrentar esta situação. Os mais jovens têm um desgaste rápido e tanto uns como outros estão expostos a problemas de saúde e segurança e a incompatibilidades com as suas responsabilidades sociais e familiares.
Constata-se um aumento da intensidade do trabalho em todos os países da Europa com horários prolongados, trabalho ao fim de semana ou a trabalho a tempo parcial não voluntário. Todavia, este aumento de intensidade e de flexibilidade do trabalho não comporta um aumento de autonomia dos trabalhadores em relação ao trabalho O trabalho a prazo e temporário aumentou em quase todos os países da Europa nos últimos anos no quadro do aumento da flexibilidade laboral. Alguns estudos revelam que esta flexibilidade comporta consequências negativas para a saúde dos trabalhadores. Em geral as condições dos trabalhadores precários são piores que as dos permanentes, em particular no que respeita aos movimentos repetitivos, fadiga, stresse Estes trabalhadores precisam de uma atenção especial por parte dos sindicatos. Devem ser encontradas formas de organização sindical apropriadas para ultrapassar as limitações da precaridade.
A estabilidade do emprego na Função Pública, longe de ser um privilégio é uma condição de dignidade do serviço público e de independência do funcionário face às conjunturas políticas. A amplitude deste fenómeno é tal que, inclusive, se coloca aos trabalhadores da Função Pública, que já sofrem na pele a estratégia de individualizar e precarizar os contratos.
AB
Continua....
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